Hoje, as cidades encontram-se no centro do debate sobre a sustentabilidade global. Pouco mais da metade da população mundial vive em cidades invariavelmente marcadas por profundas desigualdades socioespaciais. Um terço dessa população urbana vive na pobreza, em assentamentos precários desprovidos de serviços, equipamentos e infraestruturas básicas, sob exposição de diferentes tipos de riscos e em áreas degradadas e contaminadas. 

 

A desestabilização climática global potencializa as crises econômica, social e política de cidades e governos em todo o mundo. A ruptura dos sistemas ecológicos afeta a produção de alimentos, a saúde pública, os sistemas hídricos, os assentamentos urbanos, o transporte, o fornecimento de energia e a capacidade de atender às crescentes situações emergenciais. Em breve, milhões de pessoas terão que ser removidas de áreas costeiras, onde se encontram as maiores cidades, e de regiões áridas da Terra; por toda parte o modo de vida urbano e a agricultura precisará ser reajustado.

 

Discutir com as cidades podem adotar uma agenda de sustentabilidade, identificando, no plano nacional, regional e local os gargalos que travam a produção de cidades e assentamentos humanos justos, saudáveis, resilientes e seguros, implica mudar o conceito de sustentabilidade para além da visão simplista de que se trata de “meio ambiente”. Muitas nações já estão adotando a sustentabilidade como projeto político central alinhado às necessidades do século XXI.

 

Assim como a sociedade brasileira se mobiliza em diferentes espaços e coletivos para trazer suas múltiplas visões de mundo traduzidas em propostas, a universidade deve se empenhar na tarefa e produzir algo a partir da diversidade de olhares de centros de pesquisa em outros países e realidades. Ante o caráter global dessa temática, acompanhar o debate sobre no âmbito internacional torna-se exigência crucial para a Unifesp e seus programas de pesquisa e pós-graduação da área.

 

Criar processos produtivos inovadores, que respeitem o ambiente e garantam o desenvolvimento sustentável dos setores da indústria e agricultura, em especial da agricultura familiar, exige investimentos em tecnologia, e em formação de pessoal qualificado que possa investigar e propor ações para uma transição a uma economia de baixo carbono. Intercambiar pesquisas com outros pólos acadêmicos internacionais contribuirá com o estabelecimento de condições para que o Brasil faça a sua inserção entre as maiores economias do mundo no século XXI.

 

Considerando esta visão mais ampla de sustentabilidade, e a convicção de que as políticas públicas definem os modelos de sociedade do futuro, a Cátedra Sustentabilidade trabalha no sentido de ampliar o escopo do debate, propondo estudos e produção de conhecimento multidisciplinar.