Antecedentes da criação da Cátedra Sustentabilidade e Visões de Futuro


No final de 2015 e no início de 2016, um grupo de professores(as) da Unifesp realizou algumas reuniões para dialogar sobre a possibilidade de se criar um programa de pós-graduação intercampi com a temática da sustentabilidade socioambiental. A proposta não chegou a ser apresentada, posto que a maioria dos(as) docentes já estava vinculada a algum outro programa em seus respectivos campi, alguns, inclusive, recém-criados. No entanto, a ideia de se criar uma rede para outras iniciativas de colaboração ficou em aberto.
Em 2018, para participar do edital CAPES-Print, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação aventou a possibilidade de incluir uma linha de pesquisa com a temática Cidades e Desenvolvimento Sustentável, na proposta a ser encaminhada para expandir a internacionalização da Unifesp. Esta linha chegou a ser formatada, sob a coordenação do Prof. Dr. Zysman Neiman com a participação de vários(as) docentes e foi enviada à CAPES. No entanto, a partir da avaliação de pareceristas ad hoc, o tema foi retirado da proposta que, enfim, foi aprovada, pois a Unifesp ainda não contava com uma produção consolidada na área, ou, na verdade, não havia realizado a sistematização de todas as ações já existentes nessa temática até então. Este seria o desafio posterior.
Esse mesmo grupo de professores(as) realizou outras duas reuniões para buscar a criação de uma área estratégica sobre Sustentabilidade, que eventualmente pudesse compor o futuro Instituto de Estudos Avançados e Convergentes (IEAC), que, por também estar, na época, ainda em formação, julgou, por decisão de seu Conselho Consultivo, que ainda era prematura a vinculação dessas iniciativas. Em reunião ordinária e a partir do parecer de avaliadores(as) ad doc convidados(as) para analisar a proposta, o Conselho do IEAC indicou que ela, a despeito de seu mérito acadêmico indubitável, deveria ser amadurecida e encaminhada para outras instâncias, de modo a ser implementada de forma autônoma.
A ideia da Cátedra Sustentabilidade e Visões de Futuro foi um desdobramento deste percurso, a fim de dar continuidade a este processo. Revista em seu escopo e formato, a proposta foi reorganizada e debatida em reunião junto à Reitora Profa. Dra. Soraya Soubhi Smaili e ao seu gabinete, com o objetivo de alavancar e consolidar esta área estratégica que, inclusive, já era prevista no PDI da Unifesp. Novamente sob a coordenação do Prof. Dr. Zysman Neiman, foi sugerida sua criação como um Órgão Complementar da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), com a missão de reunir as pessoas da Unifesp que atuam com a temática para formação de uma rede e para o fortalecimento das iniciativas individuais ou de alguns grupos.
Em dezembro de 2020, após ter sido previamente aprovada nos colegiados pertinentes - Conselho de Extensão e Cultura (Coec) e Conselho de Planejamento e Administração (Coplad), a Cátedra foi, enfim, aprovada em reunião do Conselho Universitário (Consu), que indicou o Prof. Dr. Zysman Neiman como Coordenador pró-tempore e a Profa. Dra. Andrea Rabinovici, como Vice-coordenadora pró-tempore, com a tarefa de iniciar os trabalhos, elaborar o Regimento Interno e compor o Conselho Deliberativo.
Princípios e justificativa da importância da Cátedra
O princípio da “Sustentabilidade, Bem Viver Social e Ambiental”, de caráter abrangente e integrador, está presente no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Dentre as Políticas Transversais previstas no PDI 2016-2020, “forças centrípetas que auxiliam na compreensão do sentido e alargam e aprofundam o alcance das práticas institucionais – verdadeiros elementos de coesão da experiência unifespiana”, uma delas refere-se ao meio ambiente e à sustentabilidade como uma “preocupação consubstanciada, entre outras medidas, no advento do ‘Pensa Unifesp’, política de excelência que expressa um conjunto de normas e diretrizes encarregadas de promover o desenvolvimento sustentável na gestão dos diversos campi e estruturas da Unifesp” (Unifesp PDI 2016-2020, p.185).
Também estão previstas no PDI as “Diretrizes para o Desenvolvimento Institucional da Universidade Federal de São Paulo no período 2021-2024”, dentre as quais, mais uma vez, se insere a Diretriz Instituinte 10 - “Políticas de gestão ambiental e sustentabilidade: implantação e desenvolvimento” (p.247).
A fim de lidar com alguns dos desafios mencionados, e institucionalizar a sustentabilidade como um eixo de atuação transversal na Unifesp, foi realizado o processo de criação a Cátedra Sustentabilidade e Visões de Futuro como um órgão complementar da Pró-reitoria de Extensão e Cultura, com a missão, descrita em seu regimento, de “contribuir com o ensino, pesquisa e extensão sobre essa temática no Brasil, a partir da abordagem multidisciplinar por intermédio de busca de colaboração acadêmica institucional”.

O processo de aprovação, implementação da Cátedra:

Para a implementação da cátedra, o processo se deu por meio das seguintes etapas:
Realização de um diagnóstico sobre todas as ações (ensino, pesquisa, extensão e gestão) e iniciativas desenvolvidas pela Unifesp que dialogavam com as diversas dimensões da sustentabilidade;
Elaboração de um projeto de criação da Cátedra como um órgão complementar da Reitoria, com caráter institucional multi-campi;
Envio da proposta de compor o Instituto de Estudos Avançados e Convergentes (IEAC), recém-criado na Unifesp, com debate e questionamentos sobre a inserção da Cátedra dentro do IEAC, naquele momento, o que levou a retirada da proposta, alinhamento com a reitoria, e envio da ideia à Pró-reitoria de extensão e cultura (Proec) como sendo órgão complementar desta Pró-reitoria.
Debate do projeto pelos diversos colegiados da Unifesp, de modo a aperfeiçoar o projeto e ampliar a adesão de docentes, técnicos(as) e discentes, com posterior aprovação de sua criação, regimento e composição de Conselho Deliberativo;
Convite a toda a comunidade da Unifesp para adesão à iniciativa, com posterior início de reuniões de trabalho, elaboração de projeto de comunicação (site, grupos de discussão, divulgação interna etc.), e formação de Grupos Temáticos de Trabalho.
A aprovação se deu no Conselho Universitário (Consu) em 09 de dezembro de 2020.
A aprovação do Regimento se deu em julho de 2021 em reunião do Conselho de Extensão e Cultura (Coec) da Proec.

Após a aprovação, os desafios em andamento:
Após a aprovação várias atividades foram e estão sendo realizadas, para além da implementação dos aspectos administrativos, de gestão da cátedra, o diálogo de parceria com o Sesc-SP e quais serão as primeiras ações.
Aqui destacamos algumas ações desenvolvidas pelo coletivo do projeto até sua aprovação:
a) curso de extensão sobre a Agenda 2030 que produziu um Livro denominado ‘Leituras dos ODS para um Brasil Sustentável” (RABINOVICI et al., 2021);
b) organização do GTs Temáticos, com a participação dos primeiros membros que aderiram ao projeto;
c) construção de uma parceria com o SESC - São Paulo para o desenvolvimento e ações conjuntas já a partir de 2021;
d) participação na elaboração do Relatório Luz sobre a Agenda 2030, juntamente com outras 56 organizações da sociedade civil;
e) criação do site institucional e outras ferramentas de comunicação;
f) participação do Congresso Acadêmico da Unifesp como organizador de mesas de debate sobre sustentabilidade;
g) participação de um grupo de universidades brasileiras na criação de um selo ODS de Universidades;
h) representação na Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Estado de São Paulo (CIEA-SP);
i) representação na Comissão Municipal de ODS de SP;
j) representação no Fórum Brasileiro de Mudanças do Clima.

Os próximos desafios:

Os próximos desafios da Cátedra estão relacionados à:
a) implementação das 10 metas da Diretriz Instituinte descritas no PDI;
b) estimular no meio acadêmico brasileiro o uso da abordagem multidisciplinar ao estudo da sustentabilidade, da política institucional e dos sistemas de governança;
c) formar lideranças políticas, gestores(as) públicos(as), empreendedores(as) e especialistas que se dediquem à busca de soluções para as questões socioambientais a partir da abordagem multidisciplinar;
d) promover a cooperação institucional e entre professores-pesquisadores de universidade e organizações de pesquisa nacionais e internacionais que se dedicam ao ensino e à pesquisa da sustentabilidade a partir da abordagem multidisciplinar e da mobilidade de especialistas entre as instituições parceiras;
e) contribuir para maior oferta de formação em Sustentabilidade; Governança e Responsabilidade Social no Brasil;
f) estimular estudantes de graduação e de pós-graduação (mestrandos/as e doutorandos/as) à realizarem estudos sobre sustentabilidade a partir da abordagem multidisciplinar;
g) promover cursos, seminários e palestras para que abordem as diversas dimensões da sustentabilidade de modo transversal e multidisciplinar.